segunda-feira, 25 de outubro de 2010

outras coisas...

Há pessoas que nos tocam de uma maneira inexplicável com palavras. Ainda mais quando não são nossas amigas. Não usam palavras que nós iriamos usar. Tão pouco vimos essa pessoa do outro lado da estrada em dia algum. Nem vivemos no mesmo país, muitas vezes. Escritores. Conseguem escrever o que a mim me deliciaria conseguir pensar num daqueles dias de luz palida em que se aproveita um Inverno tropical dos nossos, refastelados na esplanada do Trinca-Espinhas a beber uma cafezada e a ver os sets quebrar. Parece que têm um satélite apontado às nossas cabeças e imediata e incisivamente, tiram de lá coisas que nem nos sabemos capazes de pensar. Mas que reconhecemos como sendo nossas quando viramos a página e soltamos um sorriso de surpresa e orgulhozinho foleiro por nos revermos numa coisa que tanta gente leu ou está lendo ou irá ler ainda. Eu cá gosto. E consitui prova sólida de que não somos assim tão unicos e especiais. Que alívio! Isso dá-nos a oportunidade de relaxar. Descontrair e deixar o mundo fluir, porque se calhar, só se calhar, as coisas não estão assim tão mal. No fim, as coisas têm a importancia que lhes damos. Esta é a parte mais tricky. Talvez não o quanto, mas o quando e durante quanto tempo. 




Coming home from very lonely places, all of us go a little mad: whether from great personal success, or just an all-night drive, we are the sole survivors of a world no one else has ever seen.


John le Carré 

domingo, 10 de outubro de 2010

crónicas


Os meus xuxus decidiram tomar de assalto o jipe da caça para que não houvesse a mais remota possibilidade de arrancarem sem eles. Assim, passaram umas horinhas a ver o mundo de cima até serem puxados por patas e coleiras e, depois de muita luta, suor e lagrimas, lá foram a vida deles. Até porque só ia haver passeio no dia a seguir....coitadinhos.Sofrem, como a dona, por antecipação!
Já eu, depois de ter caçado duas bicicletas na sexta-feira e de ter convencido o senhor da loja a fazer um mega-hiper-astronómico desconto nos arranjos, fui lá ontem para as resgatar e ser insultada pelo colega que não dizia uma palavra de inglês e depois de muito esforço e envolvimento de interpretes e gestos e grunhidos, lá consegui que ele me entregasse a bicicleta. Mas não sem ser insultada: "De onde é que vens?" e eu a pensar que era o fim das hostilidades respondi sorridente "De Portugal" "Então devias era voltar pra lá".


tenho uma lente nova.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

há fadista




Que hoje foi noite de fado e de ver sobrancelhas farfalhudas como só um bom Português consegue cultivar e de uns traguinhos de vinho do Porto gratis, esta palavra dinamarquesa que eu gosto tanto.  Musica Portuguesa no Louisiana num Outono que brinca ao Inverno e brinca muito bem, que tá um frio desgraçado. Já dizia o Vinicius, antes de se jogar pra Roma para ir passar o Natal de 68, "Amália minha querida será que você nao queria cantar pra mim este fado".

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

livro do desassossego

O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010