"Uma das características da não-arte é sufocar a liberdade de nos
descobrirmos sozinhos. A mediocridade do ser humano médio
explica-se por doses de cobardia e muita, muita preguiça. Tem horror de
se descobrir sozinho e preguiça de tentar aproximar-se de si e dos
outros. A preguiça é muito patente no facto de nenhum artista
beneficiar mais da percepção do "isto deu trabalho" do que
o escritor. Pode escrever 300 páginas de lixo que pelo menos as pessoas
dizem "fónix, nunca seria capaz de escrever 300 páginas". O pintor de
pintura 'abstracta', o fotógrafo ou o DJ, sofrem do problema contrário:
"isso também eu fazia, uma mancha branca com pintas vermelhas" ou "com
as máquinas digitais, qualquer pessoa faz
isto" ou "isto é só colar música e mexer no computador com o rato".
Paciência."
Deviamos todos voltar a ser crianças. Imaginar dragões e principes, leões que falam e bananas que dançam, vampiros e lagartas gigantes com olhos longos como braços debaixo da cama e labirintos com borboletas no centro para nos salvar.